Foi-nos endereçado pela Embaixada Italiana em Portugal, por ocasião da primeira edição do Dia do Desporto Italiano no Mundo, um amável convite para a inauguração da exposição temporária “Grande Torino – 75 Anos de Lenda“. O convite também foi feito pelo Sport Lisboa e Benfica com curadoria de Luis Lapão e Andrea Ragusa com a colaboração especial do Museo del Grande Torino e della Leggenda Granata. A exposição decorrerá até 4 de Maio de 2025, no Museu Benfica-Cosme Damião.
Lamentavelmente não pude estar presente tendo agradecido, por correio eletrónico, à Embaixada Italiana. Aproveitei a oportunidade para remeter àquela entidade uma curiosidade encontrada no espólio de meu pai. Trata-se de uma carta endereçada à “Associazione Calcio Torino” em que Filipe Gameiro Pereira se disponibiliza para arbitrar um jogo de angariação de fundos a favor das famílias enlutadas pela tragédia de Superga.
Uma saudação muito especial ao Andrea Ragusa que permitiu o nosso acompanhamento e participação neste belo projecto que foi o filme documentário “Benfica – Torino 4 – 3” Isso só foi possível com o contacto através deste blogue
O futebol apareceu em Portugal no ano de 1884. Lisboa jamais pensara na existência desse jogo, cuja origem é reclamada por muitos. Estávamos na época do Passeio Público — A nossa Avenida da Liberdade — onde os rapazes, nos momentos de folga, lançavam olhares românticos às meninas ainda mais românticas, de cabeças emolduradas por fofos bandós e encimadas por chapéus que eram catedrais de plumas, e usavam vestidos de cintura apertada e ampla «tournure». Lisboa passeava de trem — cerimoniosamente. As bailarinas de S. Carlos apaixonavam os fidalgos, que consumiam o tempo entre elas e as toiradas. As senhoras elegantes jogavam o «diávolo», e a Corte reunia-se uma vez por outra, nas caçadas. Do futebol haveria, apenas, uma ideia distante, vinda da Inglaterra, onde o jogo entusiasmava o povo e ganhava a simpatia das classes privilegiadas. A primeira bola chegada a Portugal, em 1884, foi como um grito de vitória — da vitória do futebol. Guilherme Pinto Basto, estudante em Inglaterra, trouxe-a da velha Albion, como uma jóia rara…
Extracto dum texto publicado no Livro Comemorativo das Bodas de Ouro da Associação de Futebol de Lisboa 1910-1960.
A entrevista a Guilherme Pinto Basto
Entrevista de Monteiro Poças
Num dia de Verão, em 1888, desembarcaram em Lisboa, vindos de Inglaterra, onde estavam frequentando o «Downside College», dois rapazes portugueses: os irmãos Eduardo e Frederico Pinto Basto. O facto, aparentemente de uma importância que não ultrapassaria o ambiente das secções mundanas dos jornais da época, tem contudo, para nós desportistas um significado especial porque, numa das numerosas «valises» dos jovens estudantes, entre livros escolares, peças de roupa e romances policiais, vinha uma bola de futebol — a primeira bola de futebol que entrou em Portugal… E, não será difícil adivinhar o motivo que levou os irmãos Pinto Basto a incluirem na sua bagagem o «inofensivo» balão de couro:
Educados em Inglaterra, habituados ao jogo, então, como hoje preferido pelos desportistas daquele país, os nossos compatriotas deixaram-se seduzir pelo desejo de «transplantarem» para Portugal o popularíssimo «foot-ball association»… Asim , os seus conhecimentos da mecanica do jogo e o seu entusiasmo pelo emocionante desporto ajudaram a introduzir em Portugal uma modalidade que, alguns anos mais tarde, ocupava já uma situação invejável, pela sua expansão e constitui actualmente uma força vigorosa e indestrutível — uma força que ninguém pode desconhecer ou menosprezar…
O primeiro estádio português
Uma vez em Portugal, Eduardo e Frederico Pinto Basto trataram de aliciar adeptos para o novo jogo… E, o primeiro companheiro que se lhes deparou foi, naturalmente, seu irmão Guilherme, mais velho do que eles e que, dois anos antes estivera, também, na Grã-Bretanha, completando a sua educação.
Pouco a pouco, parentes e amigos foram «contaminados» e, em Setembro, durante as férias passadas numa quinta que a família ainda possui em Belas, preparou-se o primeiro encontro de futebol que se efectuou em Portugal…
Mas ouçamos o sr. Guilherme Pinto Basto — o prestigioso desportista que, ainda há dias, apesar dos seus 83 anos, se prontificou a ir ao Estádio Nacional, dar o «pontapé de saída» num encontro que serviu para iniciar a actividade do Grupo Desportivo da sua antiga casa comercial…
Guilherme Pinto Basto, com cativante simplicidade, fornecera-nos os dados de que nos servimos para abrir esta curiosa entrevista. Em tom de conversa sem rebuscar termos ou procurar frases, contava-nos afinal, a saborosa história da introdução do futebol em Portugal…
E, a nosso pedido, o sr. Guilherme Pinto Basto — único sobrevivente dos três antigos alunos do «Downside College» — relatou-nos o primeiro jogo em que tomou parte:
— Os meus irmãos não descansaram, enquanto não arranjaram dois «teams», para se disputar um encontro de futebol… Em Belas, estava também, a família do marquês de Borba e foi, precisamente, num pátio que existia na casa desse amigo de meu pai — o pátio do Bonjardim — que em Setembro de 1888, se efectuou o tão ansiado desafio, com a colaboração, até, de meu pai e do marquês de Borba!
Pormenores da «histórica» partida não os reteve a memória, apesar de tudo previlegiada, dos sr. Guilherme Pinto Basto…
— Só procurando elementos, nos meus papéis velhos.
E logo acrescenta:
De Belas fui para Cascais onde, no mês seguinte — Outubro, portanto — se disputaram por minha iniciativa, nos terrenos da parada, vários jogos de futebol… Recordo alguns dos meus companheiros: Aires de Ornelas, João Bergaro, Jorge Figueira, Francisco Alte, Francisco Figueira, Salvador da França, Manuel Salema, Salvador Asseca, Pedro Sabugal, Hugo O’Neill… e tantos, tantos mais…
A evocação da sua mocidade distante não faz desaparecer o sorriso confiante, optimista, do glorioso desportista que temos na nossa frente; antes, a lembrança de tais acontecimentos parece iluminar o seu espírito, que não envelhece nesta evocativa digressão pelo passado…
Um desafio Internacional no Campo Pequeno
O famoso desportista prossegue na sua interessante narrativa salpicada, aqui e ali, de um comentário gracioso ou de curiosos esclarecimentos:
— No Inverno de 1889, já se jogava futebol em Lisboa, no largo do Campo Pequeno, onde é hoje a Praça de touros. Foi aí que, em 22 de Janeiro defrontámos um «team» de Ingleses como pode ver por esta notícia…
Ei-la, na sua grafia original, para não perder o sabor nem o perfume do passado:
«Effectua-se hoje no Campo Pequeno um ensaio para o grande «match» de Foot-Ball que à uma hora da tarde de terça-feira ali se deve realizar entre ingleses e portugueses. O Foot-Ball é um dos mais interessantes jogos ingleses que ultimamente muito se tem desenvolvido entre nós. O «match» de terça-feira promete ser animadíssimo. No grupo dos inglezes, vêem-se os nomes do capitão Thompson, de R. Watton, J. Morsden, C. Cok, J. Thompson, C. Anderson, H. Palmella, R. Constance, W. Fraser e de E. Brigg; no dos portugueses do de: Eduardo Romero, Affonso Villar,Augusto Moller, Henrique Villar, Duarte Pinto Coelho, Simão Redondo, João Bergaro, Guilherme Ferreira Pinto Basto. Difficil será apostar por uns ou por outros, tão distinctos são os sympáthicos competidores, a quem o nosso high life vae dar uma deliciosa tarde porque o seu rendez-vous na terça-feira deve ser no Campo Pequeno.
O conhecido desportista Armando de Freitas, funcionário superior da Casa Pinto Basto e presidente da assembleia-geral do Lisboa Ginásio Clube que assistia à interessante entrevista comentou:
— Mais ou menos um Portugal-Inglaterra em miniatura…
— Recorda-se qual o resultado desse jogo — perguntamos ao sr. Pinto Basto. Resposta pronta:
— Sei que vencemos mas não posso dizer-lhe por quantos… Compreende, isto passou-se, há, quase sessenta anos…
Acrescentamos nós:
— No dia em que esta entrevista for publicada, ter-se-ão completado, precisamente, cinquenta e nove anos, sobre essa exibição.
O ténis e a caça — os dois desportos favoritos
Formara-se no nosso espírito a ideia de que o sr. Guilherme Pinto Basto fora um praticante e adepto fervoroso do futebol, dedicando a sua atenção exclusivamente, a este desporto.
Recebemos, porém, a prova de que laborávamos em erro, quando o nosso amável interlocutor nos disse:
— Os meus irmãos gostavam mais do futebol do que eu… a minha predilecção ia, sobretudo, para o ténis — de que cheguei a ser campeão — e para a caça…
— Mas jogou futebol durante muitos anos?
— Na verdade até 1894, data em que, joguei pela última vez, tomei parte em muitos encontros, ocupando sempre o posto de «goal-keeper».
E, a confirmar, modestamente, a sua afirmação:
— Não gosto de o dizer, mas tinha um certo jeito para o lugar…
Prosseguindo na sua curiosa evocação, o nosso ilustre interlocutor recorda a sua última exibição, feita no Porto por sinal no jogo que abriu, a série já extensa, dos encontros Porto-Lisboa:
— Foi um grande jogo, muito correcto e contra excelentes adversários…
O sr. Guilherme Pinto Basto talvez, cansado de falar no passado, termina este amontoado de recordações com um desabafo:
— Nunca supus que o futebol português, nascido de um entretenimento para meia dúzia de rapazes alcançasse tão grande expansão e popularidade! Sinto-me satisfeito, por ter contribuido para a sua introdução no nosso país…
Ainda uma pergunta:
— Apesar de afastado dos campos de futebol, continuou a acompanhar o movimento desportivo?
— Embora tivesse abandonado o futebol, continuei, de facto a dedicar muita atenção a este magnifico e espectacular desporto, como simples espectador. Mais tarde, meu filho, Eduardo Luís, teve uma obra curiosa no C. I. F., e eu, compreensivelmente não me afastei dos assuntos que se relacionavam com este clube. Ultimamente, por amável deferência dos organismos competentes, tenho recebido convites para os jogos internacionais que se disputam no Estádio Nacional.
E o sr. Guilherme Pinto Basto encerrou assim a entrevista:
— A ideia dos meus empregados, levando-me a inaugurar as actividades do seu grupo desportivo, encheu-me de jubilo e comoveu-me sinceramente!…
Compreende… tantos anos passados não foi sem uma pontinha de emoção que voltei a pisar um campo de futebol!…
Em 1964 Filipe Gameiro Pereira promove a memória do acontecimento.
Aproveitando a visita a Portugal do Presidente da FIFA na altura, Sir Stanley Rous, e na sua presença, com a anuência da família Empis, proprietária da Quinta do Bonjardim e com a participação do Clube Desportivo de Belas, é colocada uma placa sobre o “jogo de futebol familiar” realizado no belíssimo pátio de entrada da Quinta.
Nesse mesmo ano de 1888 e com a participação dos irmãos Pinto Basto e amigos realizaram-se vários encontros de futebol e “ensaios” públicos em Cascais e no Campo Pequeno que estão documentados em várias publicações.
Publicações consultadas
“Bodas de Ouro da Associação de Futebol de Lisboa” (1910-1960) – Setembro de 1960 *
“Os 50 Anos da F.P.F.” – Edição da Federação Portuguesa de Futebol *
“100 Anos de Futebol” – Associação de Futebol de Lisboa (Setembro 2010)
“Cascais Aqui Nasceu o Futebol em Portugal” – Edição da Câmara Municipal de Cascais (2004)
(*) Publicações do espólio de Filipe Gameiro Pereira
Nota Final
Conhecendo o espírito de desportista de Filipe Gameiro Pereira revejo neste trabalho a sua visão despretensiosa sobre o Futebol apenas o movendo o registo histórico sobre o desporto, longe de “campeonatos” ou disputas secundárias sobre o assunto.
Jaime Pereira Nota: As fotos apresentadas são de minha autoria. Contei ainda com a colaboração de Miguel Leiria Pereira na montagem do artigo da entrevista a Guilherme Pinto Basto.
OBS: Os textos estão escritos no português da altura e outros actuais não obedecem ao Novo Acordo Ortográfico.
No próximo mês de Julho haverá 52 anos que a selecção portuguesa teve uma prestação invulgar (à época) neste Mundial, classificando-se em 3.º lugar e perdendo apenas o jogo com a Inglaterra que se sagrou campeã.
Aproveitamos a oportunidade para divulgar o programa oficial do campeonato do mundo de futebol de 1966 com uma curiosidade:
Este programa foi oferecido a Filipe Gameiro Pereira, que na altura pertencia ao quadro de instrutores dos árbitros de futebol da FIFA, pelo arbitro internacional do nosso país, Sr. Joaquim Fernandes Campos, único arbitro português que participou no Campeonato do Mundo de 1966.
Destaca-se a curiosidade de Joaquim Campos ter pedido o “autógrafo” a todos os árbitros participantes como se pode constatar na pagina N.º 4 desta edição.
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“… O futebol, um desporto por natureza excitante, possui, sem dúvida, uma história bastante curiosa, digna até de a ela nos referirmos com maior largueza, mas que a falta de tempo nos impossibilita, dado que não queremos deixar de frisar outros factos de interesse e que dizem respeito ao futebol contemporâneo.
Os primeiros sintomas da existência do verdadeiro futebol verificaram-se nos primeiros anos do século XIX. Todavia, o professor H. A. Giles, da Universidade de Cambridge, durante as suas buscas, conseguiu reunir elementos comprovativos de que o mesmo já existira na China, muito antesde Júlio César que trouxe o seu jogo chamado HARPASTUM, para a Grã-Bretanha. Documentação chinesa atribui a certo Imperador amarelo (isto no seu período), a existência do futebol como parte do treino militar daquela época. Verificou-se isto na dinastia de Han, há cerca de dois mil anos.
A citada história, refere-se a um jogo chamado TU CHU cuja tradução nos dá o seguinte: TSU, significava dar um pontapé, e CHU, uma bola feita de couro.
Existiam então duas formas diferentes de praticar o futebol. O primeiro jogava-se no dia do aniversário natalício do Imperador e os dois grupos defrontavam-se sempre em frente do Palácio Real. Duas varas de bambú, com cerca de 9 metros de altura, eram colocadas no terreno de jogo, as quais eram ornamentadas com bonitas fitas de seda. Entre as duas varas era colocada uma rede de seda, no meio da qual existia um buraco, com cerca de 30 cm de diâmetro, por onde os jogadores procuravam introduzir o esférico. Eram então estabelecidos vários prémios, mas, em contrapartida, o «capitão» dos vencidos era humilhado pùblicamente.
Os jogadores que mais se destacavam tinham sempre facilidades na sua carreira, e um, por exemplo, foi promovido a general do exército do país, dada a sua alta categoria de futebolista. Outro, que perdera um olho durante um jogo, como indemenização, foi nomeado para um alto cargo do Ministério da Obras Públicas.
A outra forma de jogar, consistia em, segundo a expressão então usada, «a bola nunca deve abandonar o pé, assim como o pé nunca deverá abandonar a bola», isto é, o jogador devia manter o esférico a saltar sobre o pé, defendendo assim a sua posse. Constituia isto, ao tempo, o sistema de «dribling».
No Japão também se praticou um jogo chamado KEMARI o qual se jogou durante 14 séculos, tendo o terreno de jogo 14 metros quadrados. Em cada canto era plantada uma árvore de espécie diferente e o número de participantes no referido jogo era de oito. O jogo consistia em passarem a bola uns aos outros, sem paragens. Em Itália, o medieval jogo florentino chamado Calcio, palavra ainda hoje usada pelos italianos para designarem o futebol, jogava-se na Piazza Della Signoria, em Florença, duas vezes por ano. A primeira no primeiro domingo de Maio e, a segunda, a 24 de Junho, dia de S. João Baptista, patrono daquela cidade.
Pode dizer-se que o Calcio, para os italianos, é um jogo histórico, porquanto, em 1530, a cidade era duramente atacada por forças imperiais, jogando no entanto a nobreza debaixo do fogo dos atacantes. No dia do jogo, era feriado em toda a cidade e o comércio fechava. Constituíam-se dois grupos, brancos e encarnados, cada um dispondo de 27 jogadores, dos quais 15 eram avançados e os restantes defensores da baliza que tinha a largura do campo do jogo.
Há dúvidas se o futebol jogado na Grã-Bretanha tem origem no romano HARPASTUM ou no grego EPISKYROS. O que não há dúvida é que séculos antes de aparecer o «cricket» e os desportos náuticos, o povo havia adorado o futebol.
Por o julgarmos oportuno, resolvemos incluir neste modesto trabalho, um extracto do que escrevemos em 1949 sobre o Curso que frequentámos em Londres.
O futebol na Grã-Bretanha, data segundo a tradição, do ano 55 A.C., quando as legiões imperiais comandadas por Júlio César, conquistaram a Inglaterra.
Segundo a documentação oficial do Século II, na altura em que se começou a povoar a ilha de Purbek, ao sul da Inglaterra, foi atribuída a cada habitante certa área de terreno, usando-se o seguinte processo para limitar a respectiva área: No local onde se começava a contar a distância, era colocada uma bexiga de porco cheia de ar, e, então, era convidado o ndidato à posse do terreno a dar-lhe um pontapé. O terreno compreendido entre o ponto de partida e o local onde parava a bexiga, ou seja, o espaço por ela percorrido, era atribuído ao chutador. O testemunho dessa documentação encerra, sem dúvida, a antiguidade deste desporto na Grã-Bretanha.
Jogou-se depois nas ruas, mas acabou por ser proibido em virtude dos muitos inconvenientes e das lutas acesas a que dava lugar.
Mais tarde, praticou-se nos caminhos, entre as localidades, tendo por terreno de jogo o caminho que ficava entre as mesmas. O jogo tinha o seu início num ponto equidistante das localidades contendoras, geralmente perto de uma taberna e cada grupo devia fazer todo o possível por levar a bola, usando todos os meios ao seu alcance, à praça principal da localidade adversária. Em 1691, o futebol era tão popular que nem o genial William Shakespeare pôde evitar a sua influência, posto que, na sua obra «A Comédia das Equivocações» destinou a um dos personagens a seguinte expressão: «Corro para vós de tal maneira que me havia tomado por futebol, passando-me assim de um ao outro. Vós lançais-me daqui e ele lança-me de lá. Se isto continua assim, o melhor é mandar-me forrar de couro.»
Ainda na mesma época, no seu livro «Anatomia das Almas» afirmou Stubes: « O futebol é um passatempo diabólico, jogo sanguinário e mortífero, mais que desporto amistoso, pois os jogadores sofrem fracturas de pernas, perdem olhos e nenhum praticante consegue sair do campo sem feridas.»
Por ser um jogo desumano e criminoso, o rei Carlos II de Inglaterra, proibiu-o no Século XVI, ao mesmo tempo que fazia sair um decreto pelo qual declarava punível com prisão e encarceramento quem praticasse tão criminoso desporto. Mais tarde, nos fins do Século XIX, reiniciou-se a prática do futebol mas sob certas regras, nos pátios dos Colégios e Universidades.
Até 1863, contava cada colégio, universidade ou clube, com leis próprias. Existiam então seis regulamentos distintos, posto que cada um elaborava o seu, sempre de acordo com as dimensões do terreno ou pátio com que contava para jogar. No Colégio de Rugby, que era onde se praticava mais futebol, existiam regras diferentes. Entretanto, é justo salientar que, acima de tudo isto, observava-se um amplo e alto espírito desportivo, visto que se mantinha em todas as instituições escolares o especial cuidado de não se tirar vantagem de sistemas ilegais. O jogo continuava a despertar entusiasmo e assim, a 26 de Outubro de 1863, na célebre taberna de Freemasen, 8 clubes e 4 colégios, reunidos em Assembleia Geral fundaram a Football Association, a que nós chamamos Federação Inglesa, tendo eleito três nomes históricos do futebol inglês: Pember, Morley e Cambell”
—- Nota: O texto está escrito com a ortografia usada na altura
Para ver de 7 a 10 de Abril no Teatro Turim em Benfica.
Um filme de Andrea Ragusa e Nuno Figueiredo sobre o encontro amigável entre o Benfica e o Torino em 1949.
No regresso a Itália, a equipa do Grande Torino morreria num terrível desastre de avião.
No local encontram-se em exposição temporária inúmeros documentos e outras curiosidades sobre o acontecimento.
Estreia em Portugaldo documentário:24 de Março de 2013, às 15:15h no Cinema S. Jorge em Lisboa.
Estivemos lá e queremos felicitar o Andrea Ragusa e o Nuno Figueiredo, assim como toda a jovem equipa, pelo EXCELENTE trabalho que regista uma história cheia de humanismo, numa época em que o futebol era um DESPORTO e não uma indústria.
Por outras palavras: Como um acontecimento trágico gerou amizade e solidariedade.
Aquela que ficaria registada para a História como uma perda irreparável. O desastre de aviação que vitimou a equipa de futebol do Grande Torino.
A propósito, chega-nos a notícia através do Andrea Ragusa e Nuno Figeiredo, sobre o filme que realizaram e que em Itália começa a ser divulgado.
Após disputar um jogo com o Benfica em Lisboa, a equipa Italiana sofreu um acidente que vitimou mortalmente todos os seus jogadores quando regressavam ao seu país.
O facto causou grande consternação nos meios desportivos nacional e internacional.
Fica para a História do futebol o registo dos intervenientes do jogo disputado e que foi ganho surpreendentemente pelo Benfica por 4-3.
Estádio Nacional (Lisboa) 4 de Maio de 1949
Árbitro: Henry Pearce (inglês)
Juízes de Linha – Filipe Gameiro Pereira e António Rodrigues dos Santos
Benfica – Contreiras; Jacinto e Fernandes; Moreira, Félix e Francisco Ferreira (capitão); Corona, Arsénio, Espírito Santo, Melão e Rogério.
Torino – Bacigalupo; Ballarin e Martelli; Gregor, Rigamonti e Castigliano, Menti, Loik , Gabetto, Mazzola (capitão) e Ossola
(extracto da crónica sobre o jogo da autoria de Candido de Oliveira)